Projeto "Da rua para uma nova vida" forma primeira turma

Após duas semanas de muitas atividades, 22 pessoas que já viveram em situação de rua, em São Luís, concluíram, nesta terça-feira (24), a capacitação do projeto “Da rua para uma nova vida: alimentando sonhos, gerando oportunidades”, promovido pelo Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA), Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE/MA) e Secretaria da Criança e Assistência Social de São Luís (Semcas).

A cerimônia de formatura foi realizada na Associação Comercial do Maranhão e contou com a participação dos representantes das instituições responsáveis pela realização do projeto, formandos e familiares.

Representante o MPT-MA, o procurador do Trabalho Marcos Rosa destacou que essa primeira experiência foi bastante exitosa e novas turmas devem ser abertas. “Hoje, estamos vendo que tivemos uma boa experiência e, se tudo der certo, abriremos outras turmas para que possamos cada vez mais capacitar e ajudar essas pessoas. Esses que estão se formando hoje servirão de exemplo e incentivo para que outros participem desse projeto”, disse.

Prestigiando o evento, o subdefensor público-geral do Estado, Gabriel Furtado, falou sobre a importância de projetos como esse para a promoção dos direitos humanos. “A Defensoria Pública, com o apoio de seus parceiros, tem buscado ir além da assistência jurídica para garantir essa atuação mais assertiva. E esta formatura é um bom exemplo disso, da convergência de esforços que beneficiam principalmente os grupos mais invisibilizados. A Semcas, o MPT, o Senac, a Sedes e, especificamente, o defensor público Jean Nunes estão de parabéns pela execução e resultado alcançado”, ressaltou.

Durante o evento, Gabriel Furtado anunciou que a instituição realizará, a partir de 2021, seletivo destinado a contratação de pessoas que viviam em situação de rua, na capital maranhense. “Atendendo a sugestão do colega Jean Nunes, vamos oportunizar vagas a esse grupo na instituição. Entendemos que iniciativas como esta contribuem de forma significativa para que essas pessoas voltem ao convívio social de forma adequada e construam um novo caminho”, ressaltou.    

Segundo o defensor público Jean Nunes, o projeto buscou dar uma nova oportunidade a essas pessoas que já viveram em situação de invisibilidade. “Hoje, chegamos a mais uma etapa de um processo longo iniciado ainda em 2019, cujo objetivo é promover essencialmente a dignidade, trazer autoestima, confiança e oportunidades de trabalho e renda que possam fazer com que elas saiam definitivamente da rua e voltem a ter sua vida com dignidade”, frisou.

A secretária Andreia Lauande explicou que o projeto reuniu várias frentes de atuação. “Quando você pensa na vida social da cidade, você deve considerar que a retirada da população em situação de rua só pode ser feita com qualidade, quando ofertamos políticas públicas de qualidade a esse público, que vão do acolhimento, capacitação, habitação até a geração do emprego e renda. Então, para nós, esse é um dia muito festivo”, pontuou.

Para Diogo Silva de Lima, um dos participantes do projeto, foi uma imensa satisfação e alegria passar pela formação. “Esse foi um aprendizado muito grande para a gente. Esse foi um divisor de águas para muitos de nós, pois representa um recomeço de uma nova vida. Além da oportunidade de reingressar no mercado de trabalho, nos mostraram que somos capazes de conquistar as coisas se tivermos foco e disciplina”, comentou.

Além de receberem a certificação do projeto, os formandos participaram de sorteio de oito equipamentos, dentre eles carrinhos novos para venda de lanches, disponibilizados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedes). Durante a cerimônia de formatura, a gestora do programa Mais Renda da Sedes, Serlene Chaves, se comprometeu a doar carrinhos a todos os outros alunos do curso.

O curso - Os alunos do projeto, incluindo dois venezuelanos refugiados, passaram por uma formação técnica na área de culinária e capacitação humanística. Primeiro, foram realizadas as atividades psicopedagógicas e, depois, os alunos colocaram a mão na massa e aprenderam a cozinhar comidas regionais e comidas de boteco.

A iniciativa maranhense foi inspirada no projeto de empregabilidade “Mais Um Sem Dor”, promovido pelo MPT-GO, Justiça do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho (OIT), Defensoria Pública e Senac. A experiência goiana envolve três projetos, que foram unificados: “Cozinha e Voz”, “Costurando Poemas” e “Longe das Ruas, Perto dos Sonhos”, todos com foco em população em situação de vulnerabilidade social.

Também fizeram parte da rede de apoio do projeto, no Maranhão, o Consultório na Rua, o Movimento População de Rua (Pop-Rua), a Rede Maranhense de Diálogos Sobre Drogas (Remadd), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o Centro de Apoio Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS AD) e a Assembleia de Deus do Vinhais. A Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Maranhão (Adpema) também foi um dos apoiadores do projeto por meio do seu braço social Adpema Solidária, criado este ano, em razão do período de pandemia.

Imprimir