Filme Pureza é lançado em todo o país

A história da maranhense que teve o filho escravizado foi abordada em coletiva de imprensa no MPT-MA

“Esse filme mostra a verdade, é uma forma de sensibilizar e conscientizar a sociedade de uma realidade tão dura que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras vivenciam, sobretudo em nosso estado”. Com esta declaração, a procuradora do Trabalho Virginia de Azevedo Neves avaliou o papel do longa-metragem Pureza, durante coletiva de imprensa realizada na sede do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA), em São Luís, na última quarta (18).

Procuradora do Trabalho Virgínia de Azevedo Neves durante a coletiva
Procuradora do Trabalho Virgínia de Azevedo Neves durante a coletiva

O filme, dirigido por Renato Barbieri, conta a história real de dona Pureza Loyola, que trabalhava na fabricação de tijolos ao lado de seu filho Abel, em Bacabal (MA). Em busca de uma vida melhor, o rapaz decide tentar a sorte no garimpo. Quando fica meses sem receber notícias dele, ela inicia uma jornada incansável para descobrir seu paradeiro e descobre o que filho acabou sendo vítima do trabalho escravo. Durante três anos ela viajou o Brasil em busca do filho e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo.

Durante a trajetória, dona Pureza buscou ajuda da Comissão Pastoral da Terra (CPT), por meio do padre Flávio Lazzarin, com o qual se reencontrou na sede do MPT-MA, após quase 30 anos. A luta dela para reencontrar o filho e as explosões de denúncias de casos de exploração de trabalhadores em condições análogas à escravidão motivaram a criação do Grupo Móvel de Fiscalização, em 1995.

Reencontro histórico no MPT-MA: dona Pureza e o padre Lazzarin
Reencontro histórico no MPT-MA: dona Pureza e o padre Lazzarin

A coletiva teve o objetivo de divulgar o longa-metragem e debater o trabalho escravo, assunto abordado na história. Além do MPT-MA, do diretor do filme Renato Barbieri e de dona Pureza, a coletiva contou com a participação do padre Lazzarin, de representante da CPT, atores e produtores do filme e de representantes do movimento social e pesquisadores.

Todos unidos contra o trabalho escravo
Todos unidos contra o trabalho escravo

“Queria ver meu filho vivo, nem que custasse minha vida. Eu gritei tanto, me prostrei, andei que meus pés criaram bolhas de sangue, orei e, por glória a Deus, consegui. Eu hoje sou a pessoa mais rica do mundo. Espero que Deus toque os corações para que acabe esse mal”, explica dona Pureza, cujo papel é interpretado pela atriz Dira Paes.

O diretor do filme Renato Barbieri falou sobre o processo de criação do longa-metragem. Segundo ele, foram vários anos de pesquisa. Ele também ressaltou que o cinema pode ajudar no debate deste tema tão pesado e presente na sociedade.

“Cinema é uma arte capaz de colocar espectador dentro da cena. Quero despertar isso com esse filme, que espectador sinta a angústia e dor. Infelizmente, apesar de ser um filme de época, é uma história que ainda ocorre. Existem muitas “Purezas”, mães angustiadas pelo sumiço de seus filhos. Espero que nosso filme desperte esse olhar”, observa.

O trabalhador rural Marinaldo Santos, vítima de trabalho escravo três vezes, também participou da coletiva. “Eu fui escravizado desde 18 anos e resgatado três vezes. Foi somente no Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos que percebi que não era obrigado a aceitar as péssimas condições e aprendi a lutar pelos meus direitos e de outras pessoas”.

Pureza já ganhou inúmeros prémios em festivais de cinema mundo afora e está em cartaz em 129 salas de cinema em todo o Brasil.

Pré-estreias sociais

Várias sessões especiais foram organizadas em cidades que não dispõem de salas de cinema. Foi o caso de Codó e Bacabal, cujas pré-estreias sociais reuniram centenas de pessoas, com articulação da CPT e apoio do MPT-MA.

Saiba mais sobre o filme: https://purezaofilme.com.br/

Pureza o filme está em cartaz em todo o país
Pureza o filme está em cartaz em todo o país

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